Pages

11 julho 2022

A casa da fadiga

Subi serra acima para fotografar uma modesta casa rural de habitação que se encontrava desabitada. As nuvens cobriam o céu e tapavam o sol mas deu para transpirar até chegar junto a ela. E a sede era muita! Certamente que não seria ali que iria encontrar água e o esquecimento de levar comigo uma garrafinha de água paga-se assim... Melhor era descansar um pouco para a fadiga passar! 
Com a ajuda de um arame, a tranca de madeira atravessada sobre a porta garantia que esta se mantivesse fechada (quer dizer, encostada), não obstante o postigo se manter aberto. 
Lá dentro, encontro o lavatório que não tendo torneira (e água muito menos) apenas tem para me oferecer um pacote de pó para o míldio da vinha (que também se aplica à batateira ou ao tomateiro). Rejeito categoricamente a ingestão deste fungicida “preventivo e curativo” e viro-me para os bidons de plásticos que se encontram junto ao autoclismo mas estavam completamente vazios sem qualquer líquido que fosse. Mesmo ao lado, as calças bem sujas prenunciavam isso mesmo: que a água já dali evaporou à muito. 
Na divisão anexa, reparo numa caixa de jogo de banho que já não tinha jogo nenhum e que bem precisaria de ser lavada e limpa se não fosse de papel. Passo pelo quarto onde se encontra um guarda fatos com espelho numa porta e sobre a qual estão penduradas outras calças. Baixo-me para ver o meu rosto e questiono o espelho se existe ali, para além de mim, alguém mais fatigado que eu. 
Aquando da minha entrada na divisão que confina com a porta nem me tinha apercebido que ali havia um colchão estendido no chão (e outro encostado á parede). Parecia mesmo que o colchão me pedia para deitar sobre ele, como se ele adivinhasse o meu estado de fadiga. Porque, às vezes, o tempo que se perde pode ser recuperado - e a pressa também não é tanta assim - cedi à pressão do colchão empoeirado e sujo. Uma sacudidela prévia e fica como novo! 
 Antes de tal acontecer fui ao pequeno anexo guardar a mochila dentro duma arca semi-tombada. Ainda olhei para os garrafões ao lado dela mas não tinham uma única pinga... Pensei e perguntei-me: “será que a arca absorveu o vinho dos garrafões e acabou por tombar?”. 
Bom! O melhor mesmo era descansar sobre o colchão...  





















0 Comments:

Enviar um comentário