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05 dezembro 2023

Bem-vindo ao Reino das Pedras

Seja bem-vindo ao Reino das Pedras! 
Quem lá foi, foi! Quem não foi já lá não vai! 
Se o local e assunto ainda estivessem acessíveis o título desta publicação seria “Bem-vindo ao Reino dos Calhaus” como forma de dificultar a sua localização por parte dos vândalos, ladrões e infiltrados no urbex. Recorrendo ao Google Earth, cheguei á conclusão que este restaurante já desapareceu e a área edificada foi transformada em habitação. 
Era um restaurante que, apesar do nome, não servia sopa da pedra. Pela carta de ementas percebi que outras iguarias existiam para degustar como cabidela de galinha ou feijoada de buzinas. Os preços só seriam baratos se comparados com os de hoje porque um café já custava 1 euro. 
O porquê do restaurante ter o nome “Reino das Pedras” só poderá ser desvendado pela resposta dos seus próprios donos, se é que ainda pertencem ao reino dos vivos. É certo que algumas áreas do interior e do exterior se encontram revestidas de rochas, como paredes, degraus, muros ou arcadas. 
No entanto, o que atraiu mais atenção foi a decoração que se encontrava espalhadas por todas as divisões do restaurante. Da cozinha á casa de banho era uma invasão folclórica de pinturas, frases, pensamentos e outras coisas mais que ornamentavam os azulejos. Cada vez que a artista, animadora cultural do espaço, fazia brotar momentos de devaneios inspiradores, certamente uma parede livre iria receber um painel de azulejos nos quais seriam convertidos em escrita ou pintura, do tipo “o homem sonha, a obra nasce” ou, como se pode ler numa das frases escritas nos azulejos da cozinha, “de pequenas coisas… se fazem as grandes”, sem esquecer as reticências metidas pelo meio… 
Os clientes deveriam sair duplamente saciados daquele restaurante: bandulho cheio e cabeça refrescada com aquelas épicas frases e pensamentos. Mesmo que tivessem de recorrer com urgência ás casas de banho, lá encontrariam um conforto de palavras que não os deixariam definhar. Muito ornamentado estava o restaurante mas só falta saber se esse muito tem correspondência na qualidade da decoração… 
Desconheço o motivo do encerramento do restaurante mas, em regra, isso acontece por falta de clientela. A dúvida que fica a pairar é se os clientes deixaram de aparecer devido á qualidade da comida ou ao excesso ornamental bem visível…  










































14 novembro 2023

Sobressalto no sanatório

Era dia de exploração urbana em sanatórios e para isso rumei de madrugada para os locais que ficavam a umas boas dezenas de quilómetros. 
Iniciei a incursão solitária com o primeiro da lista e agora, depois de tudo ter acontecido, está concluído que foi uma primeira má escolha por causa do sobressalto que enfrentei e que mais adiante, no cenário do acontecimento, explicarei. 
Este edifício tinha vários pisos mas não vi forma de passar do rés-do-chão e subir aos pisos superiores porque a escadaria de acesso estava completamente destruída. Fiquei limitado a fazer registos fotográficos no próprio rés-do-chão e na cave… 
Como se poderá observar, trata-se de um sanatório bastante degradado onde apenas restam paredes, portadas, janelas sem vidros e pouco mais… É daqueles lugares que muitos exploradores urbanos desprezariam por falta de recheios ou outros conteúdos. Para mim, que não rejeito qualquer tipo de degradação, é este tipo de lugares que contém a essência da decadência! 
Foi na divisão mais ampla do rés-do-chão, com seus pilares redondos, que aconteceu o imprevisto: Estava fotografando! Recuei um pouco para fazer melhor enquadramento quando numa fração de segundos senti o chão a desaparecer. Uma das pernas enterrou-se sobre o buraco que se abriu repentinamente. Sorte a minha ter sido apenas uma perna, pois caso contrário teria ido parar á cave que eu ainda nem sequer sabia que existia. 
Sobressaltado, libertei a perna toda ensanguentada e ao elevá-la veio com ela o esqueleto de um animal. Talvez fosse de um gato. Olhei o chão em redor para deduzir que ali estava uma verdadeira armadilha… bem perigosa! 
Para aqueles que se aventuram de forma solitária nestas atividades deixo o conselho: todo o cuidado é pouco!  


VÍDEO