De máquina fotográfica em punho entro em lugares que pertencem ao passado...
Vou registando no cartão de memória enquanto observo, em redor, espaços ou divisões que outrora tiveram a sua funcionalidade. E também me interrogo sobre as vivências e rotinas da gente que ali habitou, trabalhou ou apenas passou. Tenho como resposta uma barreira de silêncio por parte de utensílios, máquinas, móveis, artefactos e outros objectos, numa espécie de pacto concertado de recusa na revelação das histórias de vida que esta legião de inanimados testemunhou.
O desafio que lugares e coisas nos lançam é o de reconstituir histórias com base naquilo que é observado, encontre-se ele no seu maior ou menor estado de decadência ou de esquecimento. Mas todos eles guardam memórias e histórias perdidas na distância do tempo, as quais sucumbirão no momento do desaparecimento definitivo dos sinais materiais da sua existência.
Por muitas e diferentes razões tratam-se de lugares que ficaram adiados e suspensos na sua evolução, acabando muitas vezes por ser considerados inúteis. Até se saber o que fazer com eles é tempo mais que suficiente para se desencadear o processo de decadência. O colapso estará eminente e será acelerado.
Na angústia da sucessiva degradação e enquanto aguardam pelo seu fim ou pelo recomeço eles encontram-se PERDIDOS NO TEMPO.