Através de janelas com vidros partidos ou do telhado esburacado, os pombos lá encontraram forma de invadir o interior do pavilhão do atleta, um espaço polivalente onde predominavam as actividades desportivas.
Nunca pensei no motivo que leva os pombos a refugiarem-se nestes lugares mas presumo que o seu "stress" citadino justifique a necessidade de isolamento num sítio em que ninguém os incomode. E nada melhor que um lugar sem ninguém!
Eles entram e poisam sobre a estrutura metálica que suporta a cobertura do pavilhão. Dali lançam os seus dejectos que caiem no rectângulo de jogo, formando-se um piso de bosta que forra por completo o ringue onde outrora se praticaram várias modalidades desportivas.
Os pombos são elementos activos nos actos de deterioração dos espaços mas se eles entram nos lugares é porque encontram uma via aberta para tal. No entanto, pior que os pombos são os que entram a seguir...
Existem sempre razões que explicam o facto de lugares e coisas entrarem num estado de devolutez ou de descontinuação. No caso deste pavilhão, a sua grandeza de espaço à época da sua construção transformou-se em evidente pequenez e falta de condições após umas décadas de anos. A construção de novos espaços com novas dimensões e maior polivalência vitimizou-o, pois embora tivesse funções equivalentes, tornou-se reduzido em termos de espaço e acondicionamento.
O que era grande agora é pequeno... Daí até serem considerados inúteis é um passo! Até se saber o que fazer com eles é tempo mais que suficiente para fazer evoluir o processo de decadência e de deterioração.
As fotos registam o estado do pavilhão do atleta num dos muitos e longos dias daquele processo contínuo de deterioração. Poucos anos depois esse processo foi interrompido com a recuperação do imóvel e do espaço.
Muitas vezes é assim: a decadência germina a requalificação.