Envolta por vastas e grandes árvores, ergue-se a pequena mas bela igreja ortodoxa de São Miguel que é composta por duas cúpulas.
Parece um segredo bem guardado no meio de toda aquela floresta... Se não forem causas divinas, a sua surpreendente preservação poderá dever-se à sua localização remota, na medida em que fica fora dos roteiros mais vulgares da zona de exclusão de Chernobyl.
Foi um privilégio poder “mirá-la” por dentro e observá-la em altitude por fora!
Segundo se consta esta igreja ainda é utilizada como culto por um pequeno número de idosos que, de forma ilegal, regressaram às suas casas na aldeia de Krasnoe, em zona de exclusão.
O guia ucrâniano que nos acompanhou a todo o momento – de forma brilhante - contou-nos um significativo episódio relacionado com esta igreja e que não resisto a transcrever:
Uma vez por ano desloca-se um padre a esta igreja de São Miguel para celebrar uma missa. Ele mesmo foi bombeiro e participou no combate ao incêndio que deflagrou na central nuclear em Abril 1986. A sua exposição aos níveis de radiação foi bastante elevada, afectando-lhe diferentes partes do corpo ao ponto de perder toda a sua dentição. Achou que a sua sobrevivência só poderia ter sido um milagre, pelo que decidiu dedicar-se por inteiro à vida religiosa e tornar-se padre.
A impressão que ficou sobre esta igreja é que, apesar da sombria floresta que a cobre, o seu interior é preenchido por uma luz invulgar e, como referido, o carácter sagrado do templo parece prolongar no tempo a sua preservação...
VÍDEO