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15 fevereiro 2021

Chernobyl: Pripyat - Praça principal e hotel Polissya

O hotel Polissya é um dos edifícios mais altos da cidade de Pripyat e estava localizado na Praça Lenin, no final da avenida com o mesmo nome. 
Para além do hotel e em redor desta praça principal existiam alguns edifícios da administração central, o Palácio da Cultura Energetik, restaurante, supermercado e armazém municipal. 
Foi construído em meados da década de 70 para albergar delegações e convidados que visitavam a cidade e a central nuclear de Chernobyl. Do seu topo é possível observar a panorâmica da praça principal assim como da cidade e arredores, incluindo a central nuclear. Aquando da explosão ocorrida na central nuclear, o terraço situado no topo do hotel foi utilizado para dirigir os helicópteros que lançavam areia, chumbo e ácido bórico sobre o reactor em chamas. 
Actualmente, apenas restam as ruínas do edíficio e, no seu interior, nada sobrou, pois o mobiliário foi retirado e queimado ou transformado em sucata.  


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02 fevereiro 2021

Incursão solitária numa mina

Manhã acalorada esta em que decidi fazer uma incursão ao interior duma mina. É um percurso pedestre de cerca de dois quilómetros, sempre a descer, para chegar a um vale profundo onde se situa uma antiga exploração mineira que teve o seu auge de extração de volfrâmio e estanho na época da segunda guerra mundial. 
Feito o reconhecimento do exterior, faltava encontrar a entrada para o interior da mina, pois tinha referências sobre a existência de galerias autónomas com diferentes entradas. Começei a procurar tomando como orientação alguns escombros de pedra solta retirados do interior e que preenchiam a encosta do monte. Mas não estava fácil de descobrir. 
Depois de transpor vegetação densa encontrei a entrada que mais se assemelha a uma entrada de gruta. Outras dificuldades surgiram: escorria água proveniente do interior sobre um lençol alaranjado que parecia ser lama. O calçado não era o mais adequado para enfrentar aquele meio, sobe pena de ver as botas inundadas em água e lama. Peguei numa pedra de tamanho considerável e atirei para um lugar estratégico que me servisse de apoio mas afundou-se na lama. Procurei uma rocha de maiores dimensões, peguei nela e lançei-a para a mesma zona onde a primeira foi engolida. Desta vez ficou parcialmente vísivel tornando-se viável a transposição do obstáculo. 
Entretanto, apercebi-me que o meu dedo sangrava porque fiz um golpe ao pegar na rocha que acabara de lançar. Tentei estancar a hemorragia com os “primeiros socorros” que tinha comigo: um lenço de papel para envolver o dedo golpeado e, para lavar, a água que corria da mina. Era chegada a altura de pensar em desistir porque o dedo continuava a jorrar sangue sem parar. Que aborrecimento! Levantar cedo, percorrer uma distância considerável, voltar a fazer o caminho de regresso (que será mais penoso por ser a subir e estar mais calor) e não vou ao interior da mina!!!! É como ir a Roma e não ver o papa... 
Pressionei com mais força o lenço ensanguentado contra o dedo e retive-me sentado e sossegado durante dez minutos. 
Consegui! O dedo susteve a hemorragia. Que fazer? Regressar ou avançar? Bem! Estando eu ali e para não dar o tempo como perdido o melhor mesmo seria fazer a incursão na mina. 
Assim foi! Pulei para cima da pedra semi-enterrada na lama, outro pulo para a parte sólida da entrada e já estou a observar algum do interior. Duas bifurcações: uma tem um lençol de água e lama porque está num plano horizontal mas a outra, que parece ser a galeria principal, é inclinada e apenas tem lama. Sem opção segui pela galeria acessível de forma vagarosa para “apalpar” terreno e adaptar-me ao escuro e à luz artificial da lanterna. Todo o cuidado é pouco: no chão, a lama é húmida e bastante escorregadia; e no tecto, que está bem próximo da minha cabeça, pende o maciço rochoso com pontas afiadas ou laminadas a uma distância do chão que não vai além de cerca de metro e meio. 
Uns metros adiante apercebi-me que não estava só... Tratava-se de uma rã que um qualquer especialista em fauna saberia identificar em termos de género da família “ranidae”. Lugares como este são o habitat de muitos seres filhos de um “deus menor”, daqueles com que ninguém se preocupa. 
Pelo chão, em algumas partes mais secas da galeria, o barro conserva os moldes daquilo que seria a linha férrea para as vagonetas da mina, apesar do ferro ter desaparecido. 
Eis-me chegado a uma bifurcação com intercepção de 3 galerias. As rochas desprendidas e as paredes que cederam ajudaram-me na decisão de manter o percurso pela galeria central. Estas encruzilhadas de túneis voltariam a repetir-se no trajecto. 
Nesta altura já terei percorrido uma distância de 200 metros mas ainda não cheguei ao ponto mais longo ou distante da mina. 
Lá fora está calor! Cá dentro está fresco mas algo abafado! E não fosse a lanterna para fazer luz há muito que a escuridão seria completa. É o momento para a memória apelar a algo similar à alegoria da caverna: as trevas são bem mais penosas quando já vivenciámos a luz. 
Entretanto, passados mais 100 metros, dou comigo no final da galeria. Nos túneis das minas fica-se com a percepção de que final e fim não são bem a mesma coisa... 
Iniciado o caminho de retorno, voltei a parar nas bifurcações e a fazer alguns desvios para galerias, da esquerda e da direira, mais pequenas em distância. Mas o foco era mesmo o túnel central, o único que me permitiria voltar a ver a luz do dia...



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