O campo de férias Emerald foi o primeiro lugar visitado durante a visita à zona de exclusão de Chernobyl. Situado entre Chernobyl e Pripyat, encontra-se numa zona de floresta. Era um lugar acolhedor e sossegado onde as crianças de Pripyat passavam as suas férias de verão com actividades ao ar livre e em contacto com a natureza, pois o espaço era densamente arborizado e as crianças também podiam usufruir da lagoa de resfriamento da central nuclear. O campo era constituído por um vasto conjunto de pequenas casas construídas em madeira, encontrando-se espalhadas pelo bosque e muitas delas apresentavam murais alusivos a personagens de banda desenhada. Existiam espaços para as brincadeiras e um anfiteatro. Algumas casas já desmoronaram e outras terão o mesmo fim... As imagens e o vídeo seguintes dispensam mais palavras!
Clemência, viúva, recebera um bilhete postal de seu filho único migrante em Lisboa, anunciando que em breve viria passar alguns dias com ela. Porque a saudade já era muita, da mãe e da terra... Antigamente era assim! Não havia telemóveis e os telefones eram raros e pouco acessíveis. Utilizava-se o bilhete postal como forma de comunicação "rápida" e transparente e os carteiros mantinham a dignidade profissional de tal forma que nem se davam à curiosidade de ler o conteúdo dessas correspondências abertas. Ou então talvez não fizessem outra coisa, tal era a quantidade de bilhetes postais que entregavam aos destinatários por esse país fora. Era grande a alegria comovida e lacrimejada de dona Clemência após receber a notícia lida pela voz do carteiro. Sim, a mulher não sabia ler nem escrever! Eram muitas as vezes que o carteiro, para além de executar as suas obrigações profissionais, exercia ajuda preciosa para muita gente pobre e humilde lá da terra. No passado, a deslocação de Lisboa para a província era morosa e difícil. Não abundavam estradas e os transportes eram raros. Poderiam passar-se muitos meses ou mesmo anos para que naturais de localidades interiores pudessem regressar de visita à terra natal. Embora se tratando de um país de pequenas dimensões, era bem distante aquilo que hoje está bem próximo. Tal e qual como se passava há poucos anos atrás com os emigrantes residentes noutros países na sua vinda a Portugal. Dona Clemência tratou logo de limpar e arejar a casa, de substituir alguns utensílios, retirar lençóis e mantas da arca e deitá-las sobre a melhor cama do melhor quarto para receber seu filho. Todas as comodidades era poucas para ter o seu filho de regresso. Perante o desejo de ver o filho regressar de boa saúde e com uma viagem sem percalços, a fé de dona Clemência levou-a a comprar um cálice dourado encimado com uma hóstia, representativo da última ceia de Cristo. Mas a fé era era alargada à mãe de Jesus, pelo que decidiu comprar também uma pequena moldura redonda de Maria com o menino Jesus. Assim, todos os dias poderia rezar por todas as mães e filhos, incluindo o seu.
Lugares e coisas expostas ao declínio e à ruína...
Ao longo de mais de 10 anos, algumas centenas de explorações urbanas e rurais permitiram reunir um vasto conjunto de registos de fotografia e vídeo.
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